O socialismo no país mais populosos da terra
A China tem uma história que remonta a mais de 4 mil anos. Fragmentada inicialmente em diversos reinos e dinastias, por volta de 220 a.C. teria sido unificada em um único império, quando foi fundada a primeira dinastia imperial chinesa: a dinastia Qin.
Na época moderna, por mais de dois séculos a China foi governada pela dinastia Qing OU Mandchu ( 1644-1911), a última da China imperial .
Instalação da República
No século XIX, o país passou a ser alvo da expansão imperialista ocidental, principalmente por parte dos ingleses. Com o declínio da monarquia chinesa, surgiu um movimento liberal burguês, liderado por Sun Yat-sen, que em 1911 derrubou a monarquia Mandchu e proclamou a República.
Guerra Civil
Nas duas décadas de lutas políticas que seguiram, a república chinesa não conseguiu livrar o país da intervenção estrangeira nem das dificuldades das disputas pelo poder. Por volta de 1930, dois grupos políticos rivais e ideologicamente antagônicos disputaram o controle do país.
de um lado, as forças capitalistas, comandadas pelo general Chiang Kai-shek, do Kuomintang ( KMT, ou Partido Nacionalista)
de outro, as forças comunistas, conduzidas por Mao Tsé-tung, do partido comunista chines (PCC), que se consagraria como principal líder da revolução chinesa a partir da “ grande marcha” –travessia de quase dez quilômetros, empreendida entre 1934 e 1935 pelas tropas comunistas, até o noroeste da china.
Os dois grupos enfrentaram-se numa guerra civil, interrompida em 1937 devido ao ataque japonês à China. Na ocasião, comunistas e nacionalistas chineses afirmaram uma aliança provisória que durou até o término da guerra, em 1945.
Duas Chinas
Reiniciadas as lutas entre as tropas de Mao Tsé-tung e de Chiang Kai-shek , os comunistas obtiveram sucessivos êxitos. Em 1 de outubro de 1949, venceram definitivamente seus inimigos internos e criaram a república popular da China , que compreende todo o território continental chinês.
Apoiados pelo governo dos Estados Unidos, no entanto , o general Chiang Kai-shek e seus seguidores fugiram para a ilha de formosa. Ali fundaram a república da china, mais conhecida como china nacionalista ou Taiwan.
Tanto os representantes da china popular como os da china nacionalista passaram a reivindicar, desde então, a condição de legitimo governo da china. Em 1971, o governo comunista chines aproximou-se diplomaticamente do governo dos Estados Unidos. Nesse mesmo ano, a China popular entrou para a ONU, ocupando o lugar de Taiwan como única representante da China e tornando-se um dos cincos membros permanentes dos conselho de segurança.
Chiang Kai-shek, por sua vez, governou até sua morte (1975) a china nacionalista, cuja população viveu sob lei marcial até 1987 e assistiu ao Kuomintang Manter-se no poder até 1991.
Comunismo Chinês
Após a vitória em 1949, os comunistas chineses, liderados por Mao Tsé-tung, estabeleceram laços de amizade e cooperação com o governo de Stalin, da União Soviética . Em 1950, os dois governos assinaram um tratado de amizade, aliança militar e assistência mútua.
Essa aliança não durou muito tempo. Depois da morte de Stalin, em 1953, o pacto entre os representantes dos governos chinês e soviético foi abalado. O principal motivo era que os chineses não aceitavam as teses de Kruchev sobre a coexistência pacífica entre o capitalismo e o comunismo. Preferindo a teoria stalinista sobre a separação ideológica e política dos dois blocos rivais.
Na década de 1960, os chineses fabricaram sua primeira bomba atômica, mostrando ao mundo seu poderio, e persistiram na ruptura com o governo soviético. Além disso, disputaram com os soviéticos a liderança ideológica internacional do movimento comunista.
Planificação da Economia
O regime socialista chines adotou inicialmente o modelo econômico sovietico, recebendo grande ajuda da União Soviética. Em 1953, estabeleceu o primeiro plano quinquenal de desenvolvimento para a China, centrado no aumento da produção agrícola, com reforma agrária, aumento da superfície cultivada, formação de cooperativas agrícolas e educação obrigatória para toda a população.
Em 1958, já em meio a crise sino soviética, foi elaborado um segundo plano econômico, de três anos, que abandonou o modelo soviético e deu origem ao programa conhecido como grande salto para frente. Pretendia-se transformar a China numa potência em pouco tempo, centrando-se todos os esforços na industrialização do país. Seu objetivo era a formação de um parque industrial diversificado que diminuísse a dependência chinesa em relação ao comércio exterior.
O plano foi um fracasso. A partir de 1961, a planejada industrialização estagnou, sendo retomada somente na década de 1980, no contexto da globalização da economia. O fracasso do grande salto para frente, que gerou fome e mortes por desnutrição de milhões de chineses, também custou a Mao Tsé-tung a diminuição de seu poder dentro do PCC
Revolução Cultural
Em 1966, procurando retomar o controle sobre o partido, Mao Tsé-tung promoveu, com a chamada camarilha dos quatro ( que incluía sua poderosa esposa, Jiang Qing), um movimento que ficou conhecido como revolução cultural.
O objetivo declarado da revolução cultural era revitalizar o espírito revolucionário chinês contra os privilégios de classes e o modo de vida burguês, expressos e mantidos basicamente pelas manifestações culturais. Visava também livrar a sociedade chinesa da influência da cultura ocidental, considerada nociva, promovendo uma revolução permanente.
No entanto, o movimento assumiu feições autoritárias, mobilizando a guarda vermelha ( formada por jovens estudantes) contra os inimigos políticos de Mao, acusados de reacionários e imperialistas. As perseguições políticas foram expandidas aos intelectuais e a outros grupos sociais que caíram em desgraça. Acompanhadas de humilhações públicas, deportações e linchamentos, as punições aos supostos “contrarrevolucionários" despertaram um clima generalizado de fanatismo destrutivo e terror entre a população.
Sobre a repressão cultural imposta pelo governo comunista chines nesse período, o historiador Eric Hobsbawm comentou:
O regime de Mao Tsé-tung atingiu seu clímax na revolução cultural de 1966-76, uma campanha contra a cultura, a educação e a inteligência sem paralelos na história do século XX. Praticamente fechou a educação secundária e universitária durante dez anos, suspendeu a prática da música clássica e outras ( ocidentais), quando necessário, através da destruição de seus instrumentos, e reduziu o repertório nacional de teatro e cinema a meia dúzia de obras politicamente corretas(..), interminavelmente repetidas. Em vista dessa experiência e da tradição chinesa de impor ortodoxia, modificada mas não abandonada na era pós-Mao, a luz que brilhava da china comunista nas artes continuou bruxuleante.
Após a morte de Mao Tsé-tung, em 1976, os partidários do antigo líder foram afastados do poder político. Os membros da chamada camarilha dos quatro foram presos, julgados por liderar os excessos da revolução cultural e condenados a punições que variam de 20 anos de prisão a pena de morte, depois comutada para prisão perpétua.
Mudanças no Regime
Os novos dirigentes chineses, em especial Dang Xiaoping, passaram a estimular a modernização do país, promovendo um processo de abertura econômica para o mundo capitalista e promulgação, em 1982, uma constituição também desenvolveram uma política de reaproximação com o governo americano, o que levou ao estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, em 1979.
Uma das principais mudanças implementadas pelos últimos governos chineses foi a adoção do que alguns especialistas denominam como socialismo de mercado: uma combinação de controle estatal dos meios de produção com certos mecanismos de mercado. Como resultado, no período de 1981 a 2001, o PIB chines cresceu a taxa média de 9,5% ao ano, uma das mais altas do planeta.